Já é tradicional no último fim-de-semana de Setembro o centro Histórico de Arouca se encher de vida e visitantes para celebrar mais uma Feira das Colheitas. Desde 1944 que este certame divulga e disponibiliza as melhores iguarias regionais, artesanato e folclore. Muitos costumes, danças, cantares e trajes foram-se mantendo vivos, ao longo das décadas, pela dinâmica etnográfica que a feira promove.
Embora hoje a Feira seja um tributo festivo à tradição e também uma forma de dinamizar a produção regional, a sua criação foi uma medida dramática e fulcral num período de grandes dificuldades para as gentes locais. Por testumunho deixado por escrito pelo próprio fundador do evento, António de Almeida Brandão, podemos perceber bastante do contexto sócio-económico da época. A meio da década de 40 do século XX, em plena Segunda Guerra Mundial, o mundo atravessava um período de escassez e imprevisibilidade e, como também acontecia nos meios urbanos, nos campos faltava o pão aos lavradores. Para fazer face a este negro cenário os Grémios de Lavoura e as Câmaras foram chamados para criar medidas para garantir o acesso aos cereais sendo que em Arouca decidiram estimular a sua produção própria, especialmente do milho, e foram criados diversos concursos para premiar os lavradores e seus associados. Os prémios eram inúmeros, e de valor elevado, e os produtores viam assim o seu esforço e crescimento valorizados. Os concursos incluíam a melhor Seara (milho, cevada e trigo), Fruta, Adega e Linho e com a incorporação do já existente Concurso de Raça Bovina Arouquesa foi criada a Feira das Colheitas.